quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Flor de Gelo


Eu, flor de gelo, fria demais para envolver-me com o calor humano. Eu derreteria com um simples toque, deixaria de existir em fração de minutos. Minhas pétalas cristalinas se reduziriam a pequenas poças d’água sobre o chão, embebedaria este faminto chão seco. Meus espinhos afiados não passariam de gotículas esparramadas penetrando o solo. Eu, flor de gelo, não tenho o privilégio de dançar juntamente ao vento como as demais flores, não posso me deliciar com os pingos de chuva, não posso exibir minha formosura em plena luz do dia, eu derreteria. Se quer perfume eu tenho. Eu, flor de gelo, acordo quando todos os olhos se fecham e na luz do luar minhas pétalas brilham. Meu orvalho é frio, congelado. Meu adubo é a neve. Eu, flor de gelo, bela demais para o dia… Frágil demais para os humanos. Forte demais para ser flor. Fina demais para ser gente. Fria demais para ter vida. Flor de aparência estranha, sem fragrância, feita de água e frio. Eu sou flor de gelo, vivo durante o inverno. Eu sou flor de gelo e não existe semente para me plantar… Eu sou flor de gelo.

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